Mensagens

A mostrar mensagens de fevereiro, 2018

Susan Cadogan

Imagem
Susan Cadogan 'Doing It Her Way' 1975 Nos anos setenta era muito difícil fugir ao reggae em Inglaterra, estava por todo lado. Depois do pico de emigração jamaicana nos anos cinquenta e da proliferação dos sound systems nos sessentas, os anos setenta viram o som jamaicano infiltrar-se quer nos tops, quer no punk. O Bob Marley mudava-se para Londres, os Rolling Stones incluiam no 'Black and Blue' a 'Cherry Oh Baby', versão do original de 1971 do Eric Donaldson, e os Clash gravavam uma uma versão do  'Police and Thieves' do Junior Murvin. Em 1974 o genial Lee Perry encantado com a voz da Susan Cadogan grava com ela um punhado de canções, que editaria na sua Upsetter nesse mesmo ano e a Trojan reeditaria dois anos depois, e consegue um hit em Inglaterra com uma delas, a 'Hurts So Good', versão de um clássico soul da Millie Jackson. A Magnet, a quem o Lee Perry tinha vendido os direitos do single para Inglaterra, apressa-se a levar a Susan, coroad

Chicago

Imagem
Chicago 'Chicago Transit Authority' 1969 Lá pelo meio dos noventas eu andava muito interessado no easy listening e coisas à volta, exótica, bossa nova, jazz. Numa das colectâneas que comprei na altura, acho que era uma compilada pelos Karminsky Experience , estava uma canção da Astrud Gilberto que eu gostava muito, chamava-se  'Beginnings' e eu pensei que fosse um original do Sérgio Mendes ou do Marcos Valle. Quando uns meses mais tarde fui ver com mais atenção o autor era um tal de Robert Lamm e, para grande surpresa minha, vinha de um álbum dos Chicago. Caramba, eu cresci e comecei a ouvir música a sério nos anos 80, e nessa década os Chicago era uma banda que fazia umas baladas delicodoces que faziam sonhar as sopeiras e o Bon Jovi. Quando decidi investigar descobri que havia outros Chicago, uns que gravaram alguns discos muito interessantes, à base de uma dieta de jazz, rock e soul, agora chamam-lhe rare groove, na década de setenta. A  'Beginnings' est

Big Audio Dynamite

Imagem
Big Audio Dynamite 'N° 10, Upping St' 1986 O 'Sandinista' teve um filho e o seu nome é Big Audio Dynamite. Toda aquela mistura de rock, dub, funk, rap que fazia a força, e a genialidade, do quarto álbum dos Clash foi apurada e elevada para outro nível quando o Mick Jones e o seu partner in crime Don Letts criaram os BAD. Logo ao seu primeiro álbum, 'This Is Big Audio Dynamite', já dizia ao que vinham. Carregado de sintetizadores, loops e samples, a palavra de ordem era dançar e o ritmo era marcado pelas drum machines sintonizadas no electro que visionários, como por exemplo o Afrika Bambaataa ou o Arthur Baker, iam pondo cá fora desde o início dos oitentas. Mas era ainda um som em bruto, precisava de uns ajuste finos, ou seja, ser mais forte ao nível da composição de canções. Isso veio com este disco, que teve a ajuda na produção e composição do velho companheiro Joe Strummer, sanadas que foram as feridas deixadas pela saída do Mick Jones dos Clash. Se os Cla

Shabazz Palaces

Imagem
Shabazz Palaces 'Black Up' 2011 Se transpuséssemos a obra das duas bandas mais significativas do Ishmael Butler, os Digable Planets e os Shabazz Palaces, pelo meio houve os Cherrywine, para o estilo de dois pintores mais ou menos da mesma época, os primeiros seriam um quadro do Gaugin com as suas cores fortes e orgânicas e os segundos um do Kandinsky, anguloso e abstracto. O  'Blowout Comb' é um dos meus discos de cabeceira e faz parte do movimento que trouxe o jazz de uma maneira mais intensa para o hip hop, ao lado, por exemplo, dos A Tribe Called Quest ou do Guru com o seu projecto Jazzmatazz , mas os anos foram passando, o álbum é de 1994, e eu pensei que a minha paixão pelo trabalho do Ishmael Butler seria só uma recordação do passado. Até que em 2009 apareceram uns misteriosos EP's e dois anos mais tarde o maravilhoso 'Black Up' . A paixão ressurgia agora sob o nome Shabazz Palaces e o som evoluia para um hip hop mais experimental , exploratório ,

Echo & The Bunnymen

Imagem
Echo & The Bunnymen 'Porcupine' 1983 'Songs To Learn & Sing' 1985 O single é o coração da música pop. Como diz o Bill Drummond , esse aldrabão brilhante, o single é a acção, começa revoluções, enquanto que os álbuns promovem a letargia e abafam esses movimentos revolucionários. O mesmo Drummond que foi manager dos Bunnymen e que os apelidava 'the greatest rock band of all time', uma grande mentira porque toda a gente sabe que a maior banda de rock são os Clash. Mas essa grandiloquência é o nome do meio do Ian McCulloch, e os Echo & Bunnymen sofrem desse ego inflamado em grande parte da sua obra. As excepções são a colectânea de singles, 'Songs To Learn & Sing', e o álbum de originais 'Porcupine'. É nos singles que o moço ao combinar o negro das suas angústia existenciais e a pop consegue os melhores resultados, como é caso das nervosas e urgentes  ´The Back of Love´ e  ´The Cutter´ ou da spleen pop ´A Promise´ . O 'Porcup

James Brown

Imagem
James Brown 'Get On The Good Foot' 1972 Lá pelo meio dos setentas, enquanto por cá se abriam as janelas para sair o cheiro a mofo, a máquina James Brown perdia gás. A criatividade começava a falhar, a popularidade também, o facto de Nixon, que ele tinha apoiado na segunda eleição, ter caído em desgraça não ajudou, as dívidas aumentavam assim como a sua megalomania super controladora. Este álbum de 1972, o segundo para a Polydor, depois de mais uma década na King, é prova disso. É um álbum duplo, gravaria mais dois durante os setentas, mas grande parte são recuperações do seu catálogo mais antigo pouco inspiradas. Ele também nunca foi um fazedor de álbuns mas sim um brilhante, genial, excepcional e outros encómios, compositor de singles. E o tema que dá nome ao álbum é um single do c@$#(&¥!. Tem mais momentos bons muito a reboque do funk avassalador tocado pelos JB's, aqui na sua segunda versão liderada pelo Fred Wesley. Podem ver aqui o Padrinho no Soul Train.

De La Soul

Imagem
De La Soul '3 Feet High And Rising' 1989 Margaridas em vez de carros e armas. Pelo fim dos oitentas o hip hop tinha cristalizado na coisa do macho thing, gajos de barba rija a falar de coisas que interessam a gajos de barba rija. E eis que surgem estes três moços e baralham isto tudo. Tudo era diferente, desde o design da capa, os assuntos tratados, os discos samplados, à dieta quase exclusiva do hip hop até aí feita de discos negros de funk e jazz, adicionam branquelas como os Steely Dan e Hall & Oates, e até o nome para o álbum veio da música country, o 'Five Feet High And Risin' do Johnny Cash. Tudo isto junto deu um dos grandes clássicos da música popular do século XX. Muita da culpa disso é do produtor Prince Paul, que vinha dos bem sucedidos  Stetsasonic mas que, segundo ele, foi só com os De La Soul que teve a liberdade para fazer tudo o que ambicionava fazer. Uma das estórias que ele conta é que depois do álbum pronto o Tom Silverman, CEO da Tommy Boy, q

Virginia Astley

Imagem
Virginia Astley 'From Gardens Where We Feel Secure' 1984 Duas raparigas inglesas, a Julia e a Virginia, marcaram, nos primeiros anos da década de oitenta, o início da minha adolescência. Rapaz tímido e reservado, fui naturalmente atraído pelos ambientes contemplativos da série 'Reviver o passado em Brideshead' , o livro veio mais tarde, e os sons bucólicos e pastorais do 'From Gardens Where We Feel Secure'. A Julia Flyte, a irmã do  inadaptado Sebastian e por quem o circunspecto Charles Ryder se apaixona, foi o objecto das primeiras fantasias, e a música da Virginia Astley foi a banda sonora para esses anos confusos, alegres e tristonhos ao mesmo tempo, e marcados pelo medo, mas com enorme curiosidade, de crescer. Ainda nos oitentas, mas mais tarde, li o 'Songs of Innocence and Songs of Experience' do William Blake e este pedacinho fez-me lembrar o álbum: "The sun does arise, And make happy the skies; The merry bells ring To welcome the Sprin

Shuggie Otis

Imagem
Shuggie Otis 'Inspiration Information' 1974 Ele há estórias tão fantásticas que parecem ficção. A ida do homem à Lua, não foi o Kubrick que realizou aquilo?, ou na música, que é o que nos interessa aqui, a estória do Sixto 'Sugar Man' Rodriguez. E outras que são duramente reais, como a do Shuggie Otis, um génio precoce. Aos quinze anos já tinha gravado o primeiro album, produzido pelo pai, trabalhado com o Al Kooper , aparecido num album do Frank Zappa, e depois deu-se ao luxo de recusar convites dos Rolling Stones, David Bowie e Quincy Jones. Gravou três discos, o último este 'Inspiration Information', uma obra-prima de soul, funk, psicadelismo e experimentalismo, e depois desapareceu no grande clichê das drogas e álcool. Esteve desaparecido quase trinta anos, sobrevivendo entre depressões e trabalhos menores, e pondo pão na mesa muito à custa dos direitos da 'Strawberry Letter 23' , canção do segundo álbum 'Freedom Flight', e que os Brothers

Joni Mitchell

Imagem
Joni Mitchell 'The Hissing Of Summer Laws' 1975 A culpa foi do jazz. É muito comum que o artista depois de atingir o sucesso junto do público e da crítica, a Joni Mitchell atingiu-o na primeira metade dos setentas com o  'Blue' e o 'Court and Spark' , se questione quanto ao caminho a seguir para não estagnar. Foi com este disco que essa cisão entre os seus anteriores trabalhos, tanto ao nível sónico como lírico, se deu. A folk ainda cá anda mas as liberdades jazzísticas já dominam grande parte do disco, gravado com os LA Express que já tinham tocado no album anterior. Depois viriam colaborações mais estreitas com o Jaco Pastorious e restante gang Weather Report , e já no fim da década com o Charles Mingus . Uma dos temas mais interessantes, e um dos meus favoritos da sra Mitchell, é o  'The Jungle Line' que é assim uma espécie de sonho febril onde se cruzam Rousseau, jazz, noite e drogas, com percussões africanas, sampladas de um disco com gravações

J Dilla

Imagem
J Dilla 'Ruff Draft' 2003 "real live shit...sounds like it's straight from the motherfuckin' cassette". Este disco marca a transição do seu trabalho com os Slum Village ou com os  The Soulquarians para a carreira a solo, e também de nome, de Jay Dee para J Dilla. É assim uma espécie de esboço para o que viria a seguir, como, ainda em 2003, o brilhante 'Champion Sound' com o Madlib e o, não menos brilhante, 'Donuts' de 2005. Mas é um esboço com momentos sublimes como o 'Nothing Like This' ou 'Reckless Driving'. Sendo o hip hop a última grande revolução musical, e se ligarmos às palavras de um tal John Cale que não se cansa de elogiar o género, será que o James Dewitt Yancey foi o último génio conhecido da música popular? Podem ouvir aqui a 'Nothing Like This'.

Elton John

Imagem
Elton John 'The Thom Bell Sessions' 1979 Durante os anos setenta o Elton John fez o pleno, público e crítica. Enchia estádios, os discos subiam nas tabelas e os críticos ajoelhavam-se perante o seu talento. Como qualquer outro rei ambicionou mais e partiu do seu reino, a parceria com o Bernie Taupin e a sua banda, para conhecer os limites do seu mar. Quando lá chegou encontrou outro rei, Thom Bell o senhor Soul de Filadélfia. Como é habitual quando se encontram egos gigantes, as coisas não correram bem. As canções, seis, foram gravadas em 77, com alguma da nata de Filadelfia, Bell & James, MFSB, Spinners. O Elton John não gostou do resultado e ainda andou a mexer nelas mas finalmente foram editadas três neste EP em 1979 com as misturas originais do Bell. As outras três seriam editadas anos mais tarde. Este EP marcaria o fim do período mais criativo e brilhante do Rocket Man. Podem ver aqui os reis com a corte no estúdio.

Baby Huey

Imagem
Baby Huey 'The Baby Huey Story: The Living Legend' 1971 Psicadélia era a Shangri-la do mundo musical no final dos anos sessenta, início dos setentas. Do tropicalismo da  Gal Costa  às electrónicas pioneiras dos nova iorquinos Silver Apples , passando por Beatles, Stones, Pink Floyd (e podia continuar indefinidamente porque quase todos tiveram a sua fase psicadélica), o mundo dos discos encheu-se de cores e alucinações. A música negra não foi excepção, e tanto os certinhos  The Temptations  como os desbragados  Funkadelic aderiram aos sons, e imagens, psicadélicos. O Baby Huey e a banda que o acompanhava, The Babysitters, também navegavam nestas águas na segunda metade dos sessentas. Depois de terem feito nome nos clubes de Chicago, foram convidados pelo Curtis Mayfield, que além da produção escreveu vários temas, para lancar um álbum na sua editora Curtom. O Baby Huey foi-se afundando nas drogas e no álcool o que levou a vários desentendimentos nas gravações e concertos e c

Shawn Phillips

Imagem
Shawn Phillips 'Spaced' 1977 "Space, the final frontier. These are the voyages of the Starship Enterprise. Its continuing mission to explore strange new worlds, to seek out new life and new civilization, to boldly go where no one has gone before…". Em 1977 foi lançado o primeiro Star Wars do George Lucas, o 'Encontros Imediatos de Terceiro Grau' do Spielberg, e a NASA enviou a Voyager para o espaço com o célebre disco dourado para os nossos parceiros do universo terem uma idéia do que nós somos capazes. Por isso não é muito estranho que um rapaz com uma já longa carreira pelos caminhos da música folk apareça na capa como um astronauta e chame ao seu disco 'Spaced'. Disco que envereda mais pelo jazz/funk, embora não esqueça as suas raízes folk, e até um cheirinho a  bossa nova anda por lá. Essas sonoridades já tinham começado a ser exploradas no álbum anterior, 'Rumplestiltskin's Resolve' de 1976, muito por culpa do envolvimento de vário

Blue Rondo A La Turk

Imagem
Blue Rondo A La Turk 'Chewing The Fat' 1982 Ladrão que rouba a ladrão tem cem anos de perdão. Estes moços londrinos foram buscar o nome a um tema do Dave Brubeck , álbum 'Time Out' de 1959, que por sua vez já o tinha rapinado ao bom do Mozart , 'Rondo Alla Turca'. E se tanto o Mozart como o Brubeck se inspiraram em ritmos exóticos, turcos como já devem ter desconfiado, para compor os seus temas, também este combo londrino busca inspiração nos mais variados sítios. Eles foram à música latina , ao samba, ao jazz , soul e funk para pôr cá fora o excelente e coeso, apesar de tantas proveniências sonoras, 'Chewing The Fat', que foi o seu primeiro álbum. Ainda gravaram um segundo mas o seu momento já tinha passado, com muitos dos seus membros a sair para formar os Matt Bianco que seriam mais bem sucedidos comercialmente mas mais baços que os coloridos e exuberantes Blue Rondo A La Turk. Aqui ao vivo na televisão alemã.

Lil' Lavair & The Fabulous Jades

Imagem
Lil' Lavair & The Fabulous Jades 'Cold Heat' 2003 (re) A primeira vez que eu ouvi este verdadeiro incendeia pistas foi na colectânea com o mesmo nome, 'Cold Heat: Heavy Funk Rarities 1968-1974 vol 1', da Now-Again Records. Comprei logo de seguida esta reedição mas deixo-vos com o Egon, o patrão da Now-Again, com estórias dessa reedição e também sobre a 'I'll Be So Happy', lado A do raríssimo single original: " When I first went to reissue Lil Lavair and the Fabulous Jade’s funk masterpiece “Cold Heat,” I was forced to grab my master from a CD-R that the DJ Keb Darge had given me in lieu of a copy of his compilation on which the song was to be featured (the comp he was working on – one of his Deep Funk issues for BBE Records – never saw the light of day). I’d only ever heard the group’s A-side, “I’ll Be So Happy,” once, at Keb’s Deep Funk night in London. He played it to me as a favor: “I never really liked this song, the vocals were too Mexic

Gilberto Gil

Imagem
Gilberto Gil 'Luar (A Gente Precisa Ver O Luar' 1981 O gira-discos chegou lá a casa no início dos anos 80, eu devia ter uns 12 ou 13 anos. Antes disso era a Amália, que a minha mãe adorava, no velho rádio a pilhas na cozinha, os cartuchos no carro do meu pai, a música clássica e o James Last em casa do meu avô ou os discos dos vizinhos de baixo que tinham uma aparelhagem. O primeiro álbum lá em casa foi o 'Super Trouper' dos Abba que o meu pai comprou com a dita aparelhagem, uma Panasonic cinzenta, gira-discos de um lado, deck de cassetes do outro. Logo a seguir veio o 'Luar'. É um disco, juntamente com outros da mesma altura, muito deles com a mão do Lincoln Olivetti , produtor do álbum e anos mais tarde objecto de quase veneração da minha parte, que marca uma mudança de paradigma. Os anos da ditadura militar brasileira, 1964-1985, foram muito duros, marcados pela repressão, tortura e supressão de muitas liberdades civis o que quase obrigava os artistas a te

Roxy Music

Imagem
Roxy Music 'Over You/Manifesto' 1980 A transformação do Brian Ferry de gajo-arty-glam-rocker em gajo-cantor-de-charme-sofisticado tinha-se iniciado no  'Siren' de 1975, e atingiu o apogeu, e continuou a ser a pedra-de-toque na sua carreira a solo, no brilhante  'Avalon' de 1982. Este single, um dos melhores dos Roxy Music, faz parte do último capítulo dessa transformação, o álbum 'Flesh + Blood' de 1980. Mas o destaque nesta canção não vai para o Brian Ferry, que conta a lenda a escreveu em cinco minutos com o Phil Manzanera no novo estúdio deste, mas sim para o dramático saxofone do Andy MacKay que quando entra em cena eleva a  canção ao Olimpo pop.

The Blow Monkeys

Imagem
The Blow Monkeys 'Digging Your Scene/I Backed A Winner (In You) 1986 A pop pintalgada de jazz, e r&b e soul, foi chão que deu uvas na Inglaterra dos oitentas. O Paul Weller com os seus Style Council, a Sade Adu, os Everything But The Girl ou os Swing Out Sister foram alguns dos nomes que levaram essas sonoridades aos tops por esse mundo fora. Outro foi o Dr Robert e seus capangas, os The Blow Monkeys. Embora alguns os reduzam a uns tontos one hit wonders, este precisamente, os Blow Monkeys são muito mais do que isso, como algumas canções memoráveis e as preocupações politicas e sociais expressas nas suas letras o provam. Mas deixemos o Dr Robert divagar mais um pouco sobre esta magnífica canção: “That was the last song [on the album] I wrote and I just did a four-track home demo for the band to hear. It was the first time we started using backing singers.  The soul side of my writing was coming to the fore, listening to lots of Marvin.  I’d read an article where Donna Summer

The Jam

Imagem
The Jam 'Town Called Malice/Precious' 1982 A música Soul esteve sempre lá mas foi no último álbum, The Gift, que ela ocupou o lugar da frente. O Paul Weller tem praticamente a mesma idade que a Motown e foi à editora do Berry Gordy que ele foi buscar o som, aquela mistura infecciosa de soul com pop, para o single 'Town Called Malice' , onde são evocadas memórias da sua infância em Woking, pequena cidade do Surrey, para falar de sonhos e aspirações, coisas complicadas durante os anos negros da Thatcher. O single foi o bilhete que marcou a partida dos Jam e a chegada dos The Style Council' .

Marvin Gaye

Imagem
Marvin Gaye 'Sexual Healing' 1982 'Sanctified Lady' 1985 A passagem dos doces sessentas para os conturbados setentas não foi fácil para a maioria dos artistas da Motown. Mas houve dois que aproveitaram esses ventos agitados para assinar uma data de obras primas, o Stevie Wonder e o Marvin Gaye. Mas depois vieram os oitentas e até estes dois vacilaram. O Stevie Wonder criativamente (porquê o 'I Just Called To Say I Love You', porquê??), e o Marvin Gaye afunda-se nas drogas. Mas em 1982, já fora da Motown, regressa triunfantemente com 'Sexual Healing' , mais um dos seus libelos erótico-políticos, proclamando que a solução para os nossos problemas provém da energia sexual. Quando preparava o sucessor do 'Midnight Love' foi morto pelo seu pai após violenta discussão, levando a que o single 'Sanctified Lady' , ou 'Sanctified Pussy' como a cantou numa primeira versão, e o álbum 'Dream Of A Lifetime' fossem editados já após a

Fleetwood Mac

Imagem
Fleetwood Mac 'Tusk/Never Make Me Cry' 1979 O 'Rumours' é o processo do divórcio. É um álbum com palavras duras mas onde aparentemente tudo é normal. O 'Tusk' é o pós divórcio. É mais experimental, é a altura de começar a colar os estilhaços, com fita cola, com cuspo, o que estiver mais à mão. Reza a lenda que o Lindsey Buckingham, o responsável máximo na gravação do Tusk, além de ter cheirado uma parte do milhão que custou a sua gravação, entregou-se a várias bizarrias criativas como gravar vozes na casa de banho do estúdio porque lhe agradava mais a acústica. Este single espelha bem esse tumulto emocional. O lado A, 'Tusk' , é uma mistura de ritmos tribais com New Wave, diz-se que o Lindsey Buckingham andava a ouvir na altura Talking Heads e Clash, e a letra é assim a modos que cuspida. O lado B, 'Never Make Me Cry'  é uma balada etérea e a Christine McVie vai chorando a resignação de alguém que atura os devaneios do amado.

Freeez

Imagem
Freeez I.O.U./I Dub U 1983 Conta o Arthur Baker que quando os New Order foram a Nova Iorque para trabalhar com ele ficaram um ligeiramente aborrecidos porque ele lhes disse, esperem lá um bocadito que eu já vos atendo, agora estou ocupado com outra banda inglesa, os Freeez, não sei se conhecem. Os moços não gostaram, eles eram os Joy Division carago, os outros uns zé-ninguéms lá do sul que faziam umas cançonetas jazz/funk. Os mancunianos lá gravaram o  'Confusion' e embora sejam muito parecidas, aqui que ninguém nos ouve, a dos zé-ninguéms é melhor. Aqui o vídeo.

Stevie Wonder

Imagem
Stevie Wonder 'Living For The City/He's Misstra Know It All' 1973 'Higher Ground/Too High' 1973 Ontem estava a ver um video sobre os  The Soulquarians e a certa altura diziam que uma das razões da escolha dos estúdios Electric Ladyland, montado pelo Jimi Hendrix, para gravar o  'Voodoo' do D'Angelo, e depois mais alguns,foi porque o Stevie Wonder tinha lá gravado o 'Music Of My Mind' e o 'Talking Book' em 1972. Estes dois álbuns marcaram a sua emancipação da Motown. No ano seguinte punha cá fora o brilhante, talvez o melhor da sua discografia, 'Innervisions'. Mais duro, mais complexo, mais atento à sociedade que o rodeava, não tem um único momento fraco e estes dois singles são prova disso. As geniais 'Living For The City' e  'Too High' , a bomba funk 'Higher Ground' , e a  'He's Misstra Know-it-all' dedicada a um presidente incompetente. Não, o Trump não foi o primeiro, não. Aqui a

Kool & The Gang

Imagem
Kool & The Gang 'Jones vs Jones'/'Summer Madness'/'Funky Stuff'/Hollywood Swinging' 1980 Estes moços não foram sempre maus para o diabetes e bons para djs de casamentos. Houve uma altura em eram uma máquina funk bem oleada, pelo fim dos sessentas e boa parte dos setentas. Se não acreditam em mim o James Brown explica-vos:" They're the second-baddest out there...They make such bad records that you got to be careful when you play a new tape on the way home from the record store. Their groove is so strong you could wreck." Este duplo single é da altura em que as coisas começam a correr menos bem. A acompanhar a 'Jones vs Jones', do album 'Celebrate' de 1980, o segundo com a produção do Eumir Deodato e que marca uma inflexão do seu som para um lado mais pop, vêem as muito mais interessantes  'Funky Stuff' e  'Hollywood Swinging do 'Wild and  Peaceful' de 1973, e a 'Summer Madness' do 'Light