Prefab Sprout

Prefab Sprout
'Hey Manhattan!'
1988
Eu sei que me acontecem coisas bizarras mas acabar uma relação como se fosse uma cena de um filme do Woody Allen não estava mesmo à espera. Ela a dizer-me que ia estudar um ano para Londres, que me amava e que eu devia aprender a confiar mais nas pessoas era a cena final do Manhattan cuspida e escarrada. É certo que a relação já estava condenada quase desde o início mas o meu cansaço deixou a coisa arrastar-se. Ambas queríamos partir, os destinos é que eram diferentes. Ela queria ficar o mais perto possível dos pais e amigos, eu quanto mais longe melhor. Estava farta do 'ela é assim mas até é boa rapariga e muito nossa amiga'. Ou de ser uma medalha no peito dos amigos mais modernaços, daqueles que se orgulham em público de ter amigos de cor ou homossexuais mas que na intimidade vestem o seu fato mais cinzento. Eu  bem via nos seus olhos o embaraço quando eu pegava na mão da minha namorada, ou fazia tenção de lhe dar um beijo, em frente aos filhos deles. O pânico que surgia se eu fazia uma festa aos pequenos, eu dava-me com gente que tinha sida. Isso tudo ia ficar para trás, eu ia à procura de outro sonho. Por isso, no dia seguinte à conversa roubada ao Woody Allen, aceitei o convite, que andava a adiar dar resposta há já quase um ano, de ir fotografar para a PAPER e comprei o bilhete para Nova Iorque. O piloto acaba de anunciar que vamos começar a descer para o John F. Kennedy Airport. Hey Manhattan! Here I Am!

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