Wings
Wings
'Silly Love Songs'
1976
Eu daria a minha vida pelo partido. Eu dei a minha vida ao partido. Desde que era ainda um puto e ajudava o meu pai a distribuir propaganda aos operários, ao curso de advocacia que tirei para ajudar os camaradas presos em Peniche ou no Tarrafal, todas as minhas acções e pensamentos têm sido graves, revolucionários, progressistas. E passados quase dois anos dessa gloriosa manhã de Abril, apesar de os ventos já não estarem tão favoráveis, todas as minhas forças continuam a ser usadas para, juntamente com alguns dos meus camaradas, os mais resilientes, andar pelo país a educar o povo, que unido jamais será vencido, através dos textos e canções da revolução. Qualquer carro de bois serve de palco improvisado para onde salta um qualquer camarada Barata Moura e cantamos a uma só voz 'cravo vermelho ao peito'. Por isso é que me afligiu esta estranha vontade que senti quando cheguei a casa hoje pela noitinha. Eu sei que devia pôr um disco do George Moustaki ou do Correia de Oliveira, malta engajada e empenhada na luta anti capitalista, mas hoje só me apetece agarrar a Emília pela cintura, enfiar o meu nariz na sua nuca, pôr uma canção tonta a tocar no gira discos e dançar a noite toda. Amanhã voltarei à revolução.
'Silly Love Songs'
1976
Eu daria a minha vida pelo partido. Eu dei a minha vida ao partido. Desde que era ainda um puto e ajudava o meu pai a distribuir propaganda aos operários, ao curso de advocacia que tirei para ajudar os camaradas presos em Peniche ou no Tarrafal, todas as minhas acções e pensamentos têm sido graves, revolucionários, progressistas. E passados quase dois anos dessa gloriosa manhã de Abril, apesar de os ventos já não estarem tão favoráveis, todas as minhas forças continuam a ser usadas para, juntamente com alguns dos meus camaradas, os mais resilientes, andar pelo país a educar o povo, que unido jamais será vencido, através dos textos e canções da revolução. Qualquer carro de bois serve de palco improvisado para onde salta um qualquer camarada Barata Moura e cantamos a uma só voz 'cravo vermelho ao peito'. Por isso é que me afligiu esta estranha vontade que senti quando cheguei a casa hoje pela noitinha. Eu sei que devia pôr um disco do George Moustaki ou do Correia de Oliveira, malta engajada e empenhada na luta anti capitalista, mas hoje só me apetece agarrar a Emília pela cintura, enfiar o meu nariz na sua nuca, pôr uma canção tonta a tocar no gira discos e dançar a noite toda. Amanhã voltarei à revolução.
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